Maria Clara nasceu no interior do Rio Grande do Norte, nas margens do Rio Potengi, onde viveu toda a infância na cidade de Elói de Souza. Nascida com uma má-formação no braço esquerdo, teve uma infância típica como a maioria das crianças da região, brincando na rua e praticando esportes. Adorava principalmente o futebol e sonhava em ser jogadora, mas aos 11 anos conheceu o atletismo, o esporte que mudou sua vida.

Logo começou a competir em provas convencionais. Em uma dessas competições chamou a atenção do treinador paralímpico Felipe Veloso, que a convidou para participar de competições para pessoas com deficiência.

Em 2016 participou do seu primeiro campeonato brasileiro escolar e voltou com 3 medalhas de ouro, feito que repetiu nas quatro competições seguintes: 2017, 2018, 2019 e 2021. E ainda é a atual recordista brasileira sub20 das provas. E aí o que parecia brincadeira de criança, começou a ficar sério.

Com os resultados, passou a receber um auxílio financeiro através do bolsa atleta, e a família que vivia com um salário e da renda da venda de doces e salgados, pode melhorar de vida. Foram todos morar em Natal, onde Clarinha passou a treinar com muito mais qualidade e os demais teriam melhores condições de trabalho e educação. O futebol ficou de lado, e a maior dedicação ao atletismo trouxe mais resultados.

Apareceu para o mundo em 2019. Foi Campeã Mundial de Jovens em Nottwil, na Suíça com apenas 15 anos de idade e também foi convocada para representar o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos em Lima. Caçula da delegação, não foi ao pódio, mas participou de 3 finais.

Não parou mais. Conquistou a medalha de prata no Parapan de Santiago e foi bronze no Mundial de Paris, ambos em 2023. No ano seguinte, alcançou a maior conquista de sua carreira até então, a medalha de bronze nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, na prova dos 400m rasos da classe T47.

Apesar de tantas conquistas, histórias e postura de veterana, Clarinha tem apenas 20 anos de idade. Já pensando no seu futuro fora das pistas, estuda Educação Física, mas segue treinando forte, para continuar a escrever sua história no esporte, que acabou de começar.